Filhos pedem aos pais para largar o telemóvel mas metade ignora o pedido, diz estudo inglês
Um estudo em Inglaterra realizado pela HMC e pela Digital Awareness UK quis perceber melhor os comportamentos dos jovens e dos seus pais em relação ao uso de telemóveis.
O impacto dos telemóveis dá-se tanto dentro como fora da escola, e vários jovens admitem mesmo que já pediram aos pais para largar os dispositivos.
A maior preocupação dos jovens (47%) sobre a quantidade de horas online é a falta de horas de sono, principalmente porque “sem dormir podemos estar a limitar a nossa aprendizagem, tendo um efeito negativo no nosso futuro emprego, vida social, etc. Além disso, pode causar problemas de saúde”, disse um dos adolescentes que participou no inquérito. No entanto, apenas 19% dos pais escolhe este problema como uma das maiores preocupações.
Para os pais, é mais preocupante a falta de competências sociais, que podem estar a ser afetadas pela grande quantidade de horas em que os seus filhos passam nos computadores, ou com o telemóvel, que a partir de agora vamos referir apenas como “estar online”. Mas apenas 10% dos jovens escolhe esta opção sobre ele próprios, ou seja, não consideram que os telemóveis prejudiquem as capacidades sociais. Curiosamente, os próprios filhos pensavam que, para os pais, o mais grave era a falta de horas de sono devido à utilização elevada de smarthphones.
Mais de um terço dos 2 mil estudantes admitem que já pediram aos seus pais para parar de estar no telemóvel e 46% dizem que quando o fizeram, os pais ignoraram o pedido. 90% dos pais admitiram que não sabiam que o tempo que despendiam online preocupava os próprios filhos.
Uma grande maioria (82%) dos adolescentes afirma que a hora das refeições deve ser livre de quaisquer dispositivos, e 22% acredita que o tempo online prejudica os momentos em família.
95% dos adultos dizem que não usam dispositivos móveis na hora das refeições, mas 14% dos adolescentes disseram que seus pais estavam online às refeições e 42,44% deles sentiram-se ignorados.
O período médio online de 72% dos estudantes está entre as 3 e as 10 horas diárias, durante fins de semana e feriados. 11% estão online entre 10 e 15 horas por dia e 3% dizem que estão online 16-20 horas por dia durante esses períodos.
No entanto, a maioria dos jovens não acha que os seus pais estão preocupados com a quantidade de tempo que os seus filhos gastam em dispositivos móveis.
“Como a tecnologia domina a minha vida profissional, faço um esforço real para desligar-me dela durante os momentos familiares e durante o meu tempo de lazer. Não gosto de redes sociais e não faço parte de nenhuma. Prefiro encontrar-me cara a cara. O iPad torna muito fácil mergulhar no trabalho em qualquer lugar e é preciso resistir a essa tentação, no entanto, nem sempre sou bem sucedido.”, disse um dos pais entrevistado.
Mike Buchanan, Presidente da HMC e Chefe da Ashford School, disse que os inquéritos realizados “mostram que os jovens estão conscientes de muitos dos riscos associados com o uso excessivo de tecnologia, mas precisam dos adultos nas suas vidas para definir limites claros e modelos de comportamento sensatos. Para conseguir isso, é preciso haver uma ligação entre a escola e casa, e dar conselhos consistentes.”
“Esses resultados são chocantes”, disse Emma Robertson, co-fundadora da Digital Awareness UK. “Estamos surpreendidos que a maior preocupação quando se trata de segurança online para os pais é o impacto que a tecnologia tem sobre as habilidades sociais de seus filhos. Curiosamente, as crianças acreditam que a maior preocupação dos pais é a privação do sono.
“Isso pode ser parcialmente explicado pelo facto de que milhares de crianças não dizem aos pais as horas reais do tempo que passam nos dispositivos durante a noite.
“Esperamos que estas descobertas sejam um despertar para as famílias”.
Fonte: jornaleconomico.sapo.pt